Ó filho da mata
teu sangue guerreiro
será o primeiro na tribo feroz;
teu olho silvestre
que lança uiraçabas
é o sol nestas tabas
que encanto os potós!
Teu grito de guerra
retumba no abismo,
como um catacismo
ao som do boré.
Qual a samaúma
o teu corpo encerra
o brilho da terra,
no caipora a fé!
Em meio ao combate
teu canto é bravio,
mais forte que o rio
de brusco caudal;
não foges da luta,
teu nome é batalha,
teu sangue amortalha
o espírito mau!
Ó filho da mata
tu és maruim,
mas és curumim
em teu coração.
No braço garrido
tens um jacumã,
melhor que o caimã
nadando co`a mão!
Tu és tão garboso
mimoso sagui,
tu és juquiri
intrépido, altivo;
teu beijo é curare
também é puçanga,
qual pudica tanga
ao olho furtivo!
Se vagas na ubá
encanta teu riso,
o semblante liso
dessa cunhatã.
Teu negro cabelo
é o manto noturno
que faz tão soturno
o maracanã!
Ó filho da mata
que bebe cauim,
pesca surubim
se vagas na ubá;
no ocara és ditoso
- caraxué belo -
balança com zelo
o áureo maracá!
Da tribo pujante
valente Peri,
fez-te guarani
a selva da dor.
Que a vida é renhida
tu sabes, entanto,
o mais triste pranto
te trouxe o amor!
© Todos os direitos reservados