PERI ( em homenagem ao Dia do Índio)

 

Ó filho da mata

teu sangue guerreiro

será o primeiro na tribo feroz;

teu olho silvestre

que lança uiraçabas

é o sol nestas tabas

que encanto os potós!

 

Teu grito de guerra

retumba no abismo,

como um catacismo

ao som do boré.

Qual a samaúma

o teu corpo encerra

o brilho da terra,

no caipora a fé!

 

Em meio ao combate

teu canto é bravio,

mais forte que o rio

de brusco caudal;

não foges da luta,

teu nome é batalha,

teu sangue amortalha

o espírito mau!

 

Ó filho da mata

tu és maruim,

mas és curumim

em teu coração.

No braço garrido

tens um jacumã,

melhor que o caimã

nadando co`a mão!

 

Tu és tão garboso

mimoso sagui,

tu és juquiri

intrépido, altivo;

teu beijo é curare

também é puçanga,

qual pudica tanga

ao olho furtivo!

 

Se vagas na ubá

encanta teu riso,

o semblante liso

dessa cunhatã.

Teu negro cabelo

é o manto noturno

que faz tão soturno

o maracanã!

 

Ó filho da mata

que bebe cauim,

pesca surubim

se vagas na ubá;

no ocara és ditoso

- caraxué belo -

balança com zelo

o áureo maracá!

 

Da tribo pujante

valente Peri,

fez-te guarani

a selva da dor.

Que a vida é renhida

tu sabes, entanto,

o mais triste pranto

te trouxe o amor!

 

 

 

 

 

 

Alexandre Campanhola
© Todos os direitos reservados