Parte 1
 
Divinos relógios tribais
no barulho agudo da batida.
Bate e o combate não para.
Bate, mascate, na cara!
A porta não abre e a vida
despreza, ri, não quer mais.
 
Parte 2
 
Flocos de velhice te assomam nas têmporas
e o espelho te ofende,
caminhas mais lento e sentas na escada
a meditar.
Passa um garoto chorando
e a voz que te chama é bem outra,
os lábios murchos que te sorriem
te beijaram sofregamente no passado.
 
Moço! Quero uma bala de mel!
Não me deixaram pular corda
nem tomar banho de chuva.
 
Parte 3 (ou epílogo)
 
A mão treme.
Em menor, enfiava a linha
no minúsculo buraco da agulha.
 
Contemplas o gato no telhado,
a fumaça da chaminé
forma figurinhas curiosas,
como pernas e braços acenando.
Será que querem dizer adeus?
 
 

Geovani Bohi Goulart
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