Morrer é ver truncados os sonhos,
não os deixar fluir, condená-los ao abandono,
é querermos ser diferentes do que somos,
carcereiros do que seremos e do que fomos
aferrando grades pelo corpo inteiro,
afastando o amor, quiçá verdadeiro...
Viver uma vida de ilusão,
querer dizer sim quando se diz não,
privar-nos de fantasias, indiferentes à poesia,
reprimir os sentimentos, dar vazão aos lamentos,
negar um gesto de carinho,
sentir a solidão, mesmo não estando sozinho.
Ser sombra que assombra ou mal assombrada,
ser sapo ou bruxa, nem príncipe ou fada
e no fundo sentir que não é nada...
Enfim, morrer é desconhecer o prazer
de envelhecer sem ter envelhecido,
de se apaixonar, embora não correspondido,
de pular o muro e se deparar com o desconhecido.
_Carmen Lúcia_
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