Flor que é sempre flor
desabrocha cor de pele,
no balanço da cabrocha,
no gingado que debocha.

Sol que é sempre sol
ateia fogo ao paiol,
no chão ressequido,
no vestido estampado.

Folha que é sempre folha
nasce da rama, sem escolha,
no campo que derrama o verde
em verde quase morto. Absorto.

Neve que é sempre neve
estende tapete alvacento
no frio das moradas de abandono,
no peito estreito, silêncio. Desmorono.

São Paulo

Felix Ventura
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