Minha beleza não é perfeita,
nem é pouca, nem muito exata.
Tem cara de gente amanhecendo,
correndo pelo sustento.
Minha beleza inspira, expira,
por vezes perde a validade
prestando contas à verdade do espelho.
Vejo não ser aquilo que vejo.
Minha beleza escorre dos dedos
segredos não ditos aos olhos nús,
Quisera eu uma cruz mais bela
que aquela que carrego escondida.
Minha beleza foi de sacola à feira
e nada comprou, roubaram-lhe a carteira.
Voltou faminta, fazia tempo não comia,
roubou lá uns farelos para não cair em anemia.
Minha beleza, outra beleza,
passou por baixo da catraca,
sentou-se à janela do ônibus,
conformou-se com o trânsito, adormeceu.
São Paulo
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