Minha terra tem antenas onde canta o sabiá.
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam.
As câmeras que nos vigiam
Nos vigiam, todo lugar.
Os carros que nos envenenam
Nos fascinam.
As vozes que nós ouvimos
São maldições que amamos.
As paredes que nos cercam
Nos aproximam.
As máquinas que nós usamos
Têm alma e raciocinam.
As máquinas que nós somos
se suicidam.
Há dias tão comuns quanto Gonçalves,
Há dias tão comuns quanto Marias.
Todo dia é nenhum dia.
Tudo é melancolia.
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor