Se doer em meu âmago, será excruciante contigo...
Amor: Quebra-cabeças, jogo muito complexo.
Tentou-me o pecado, e eu, ébrio, o tomei por amigo
Na noite em que letarga era a paixão e morto era o nexo...
Eu estou exausto! Exausto de ser bom e amável!
Construirei em pedras a agonia, porque estou exausto!
Traiu? Traí. E ninguém é mais ou menos condenável,
Pois na lei da oferta e procura existe um Mefistófeles e um Fausto!
Degenerar-me-ei em nome de um amor maculado
Pela descrença de uma e outra parte.
E na profunda luxúria de cada cálculo do pecado,
Verás que sei amar sem amor e que te tratarei feito arte!
Tua boca, a qual sorverei em ávido desespero,
Será a masturbação vil de que minh'alma precisa!
E eu amarei como Dom Juan: Hábil, gentil e com esmero
Em uma conjugação verbal mais que perfeita: Concisa!
Amarei como monstro, pois que instigaste o ferimento;
Mas não sentirei ódio, apenas interesse:
Em dar e tirar, dar e tirar o teu firmamento,
Tal qual um coma o qual seria melhor que morresse.
O espírito a berrar como um incontido animal
Com o álcool a fluir nas veias do acelerado coração!
E o "amor" viverá até que a noite chegue ao seu final,
Quando escolherei nova Vênus de minha adoração!
Não me verás amor, então, como belo anjo.
Mas se nasci assim para contigo; este ser de penúria,
É que ignorava e não dera crédito ao meu arranjo
De ignorar a quem me ignora com o tórrido pecado da luxúria!
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