Eu, você sentimos... Nós.

Loucura minha pensar tanto em você,
mas o que posso fazer se o seu olhar,
de longe, silencioso, curioso e discreto,
teima adentrar no meu espírito e dizer-me,
com as mais doces e belas palavras,
que quer-me, só a mim, que quer-me?
O que faço eu nesses encontros calados
onde os olhos amorosos de nós dois,
cansados, machucados e esperançosos,
dizem que querem olharem-se eternamente,
que para os meus olhos seus olhos são paisagem,
e para os seus olhos meus olhos são belas pinturas.

O que posso fazer se já amo estes teus olhos?
O que posso eu fazer com estes teus lindos olhos?
Por que cravastes em mim este teu brilho quieto?
O que posso eu fazer com este teu brilho quieto?

Sinto como se minh'alma voasse a cada encontro de olhar,
e sinto a sua alma voando a cada encontro de olhar.
E é como se as duas se pertencessem,
é como o encontro do desencontro das almas,
que agora voam para se abraçarem infinitamente.
Sinto que o que sinto é tão real, palpável,
sinto a verdade plena e tanta paz nisso tudo.
Eu sinto, é você. Você sente, sou eu. 

Gabrielle Portella
© Todos os direitos reservados