acordei com o sol brincando com meus cabelos
na cama, senti seus longos dedos matinais
primaveris,  acariciando meus olhos
sonolentamente  preguiçosos, bocejei.
Decididamente larguei lençóis e almofadas,
sai para a calçada mais pisada da
adorada  Copacabana...
Misturei-me com caríocas apressados
em caminhar, caminhar por caminhar
muitos sem olhar
para a beleza do mar,
como carreiros humanos de formigas,
rotinados autómatos...
e as belas ondas do mar  ali,
tão perto do olhar.
Passei por Drummond eternamente
sentado... por Dorival  carregando seu violão,
poeta e músico que se deliciaram com as curvas
das belas e da princezinha do mar...
Levantei meu olhar até ao Pão d’Açúcar
invocando deuses  e Iemanjá ,
lamentando a vã ilusão humana ... quando não temos
queremos  quando temos  não vemos...
Copa bela Copa
beleza como a tua  não há...
Emílio Casanova, in "ninguém compra"
 

Emílio Casanova
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