Insónia
no silêncio das minhas noites claras
faço longas travessias sem destino
nas esquinas escuras do meu quarto
revejo caras e corpos  
uns familiares outros opacos
deformados por nunca vistos
galopam sentimentos ritmados
ao compasso  do brilho dos néons iluminados 
que penetram as frestas das janelas
dobras de lençol ondulam meu corpo
almofadas envolvem meu rosto
tac tic tic tac dança o tempo
noite branca sem rosto quente
que aspiras da minha insónia
angústias arrependimentos
remorsos por falta de coragem
não sabes que a humana liberdade
é prisioneira da minha mente
odeio teu poder que me impede
de adormecer
Emílio Casanova, in "ninguém compra"

Emílio Casanova
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