Tão poucas palavras, ou nenhuma
E nem digo, calo apenas
E o silêncio que grita em mim, grita na madrugada
Que me rouba o sono

Os dias são tão iguais e diferentes do que pensei
Houve o tempo do contentamento, e já não é mais
E no tempo perdeu-se no caminho e nunca mais voltou
Era tempo de ir embora

Só esqueceu de levar tudo
Deixou o vulto, a lembrança
Farei uma enorme fogueira e ali queimarei
Dançarei em volta e entoarei cânticos que não compreendo

De breve virá a chuva
O fogo logo cessará
Só cinzas
E o colorido que já se finda
Só cinzas

Nem fogo, nem cânticos, nem chuva

Só cinzas

 

Luiza de França
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