De repente, as palavras que
tiravam seu mundo do silêncio
esvaziaram...
Alice, então sentiu-se como a caixa,
vazia do sapato que a enfeitava.
Como a garrafa,
vazia do seu gênio dos desejos.
Como o pulmão,
vazio do oxigênio que lhe renovava a vida.
Como o livro,
que teve suas páginas arrancadas por um leitor voraz.
Como o corpo,
vazio de alma.
Como o mar,
que emprestou sua água ao náufrago,
que precisava de lágrimas.
Como o útero,
que se despede do bebê
ao entregá-lo ao mundo.
E, em seu mundo vazio,
Alice esvaziou-se de si mesma.

Luciane Pelagio

Luciane Pelagio
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