Lá vai Maria,
Figura mansa,
Sobe o morro
Cantando alegremente suas dores
Enquanto saúda
Os olhos tristes
Que ainda procuram a vida
Perdida entre os lamentos
Que se revelam nos vãos
Dos sorrisos nus...
Ela segue,
Deixando sair da boca
Um sorriso
Que adoça lábios
Estranhos e silenciosos...
Lá vai Maria,
Deixando sair da alma,
Lágrimas que
Inundam os sonhos
Plantados em solo
Árido...E rolam pelo
Asfalto da vida...
É um choro cansado,
Que seca com o sopro
do vento que traz
À sua memória
Lembranças
do amor
ferido na navalha
Das horas
Que atravessam
A carne...
Ela chora , e diz ao
Estranho que são
Lágrimas de felicidade.
Enquanto se lança nos braços
Estendidos ,
A felicidade jorra sem dó e
Salgada entre o
Doce sorriso de Maria
Que resiste ...
E , segue
Subindo o morro
Como estranha
Descendo a ladeira
Como amiga...

Luciane Pelagio

Luciane Pelagio
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