Menina-mulher, moça-menina.
Acima de tudo menina.
Acima de tudo festa.
Acima dos hemisférios, primavera.
Desnuda para a vida, coberta para o amor.
Prímula, violeta, azaléia, planta.
Jardim das delicias desconhecidas,
Quaresma dos ateus envergonhados,
Se soubesses do vento que à pronuncia,
Quando despontas na sala,
quando triunfas sobre os corpos sem brilhos.
O vento que circunda a jovem cintura,
torna seus passos dançantes, musicando seu riso translúcido,
e no fim percebo que ele emana de seu ventre.
Trazes os ventos revoltosos e os sopros mais brandos,
vindos dos lábios do mundo,
de um outro mundo ainda não-visto.
És criança, Gaia, Isthar, terra.
Menina-mulher, moça-menina
Acima de tudo menina.
Acima de tudo festa.
Acima dos hemisférios, primavera.
Essência que precede a existência.
um canto esquecido sobre a relva molhada,
luz na estrada infinita,
o dia perfeito de toda a eternidade.
Muda-se a pronúncia,
acrescenta-se mitos, esferas, sistemas, presenças
Continua a mesma evocação.
Menina-mulher, moça-menina.
Acima de tudo menina.
Acima de tudo festa.
Acima dos hemisférios e de toda a eternidade

 

HENRY CLAUDE STELMARSCZUK
© Todos os direitos reservados