Mal posso criar um amor novo
Restaurar quem habitava meu rosto
Apareces insensato e sem tato, leva-me o que tento recompor
Mal não te fiz, então de onde vem esse descaso que beira falta de pudor?

Amou e foi amado, os pedaços não negam
Teu semblante desolado tal condição ao teu ser delega
Direciona-se em outro caminho
Busca felicidade e não mais esta sozinho

Mas, será que a paz de fato lhe encontrou?
Lembras de como era inocente, sabes bem que é intrínseco ao tempo o que teu sentimento tenta acreditar que tempo levou?
Dia a dia, esforço desfacelante
Procuro esquecer teu ser e neste esforço até então fui errante, não obtive sucesso nem por um triz de instante

Mas se é verdade que às vezes cansam-se os olhos de tanto chorar
E, sem perceber ao reabri-los pode se instantaneamente um novo horizonte avistar
Se for, talvez tal realidade se faça fato
Não por quem és, mas pelo que tenta ser, não se trata do fim, mas de tardio desenlaço

Sim, eu o amo, talvez para sempre
Não, não lhe amo, não este ser que vestes, de alma vazia e caráter vacilante
Sim, guardo em meu reflexo os detalhes de teu olhar
Não, nunca mais na realidade, para sempre o intocado sonhar, que me acompanha e, também teimará em lhe acompanhar

28.09.05