Dito a Mim por Mim Mesmo XIV

De luto por mim mesmo que nasci no dia 29 de outubro de 1993.

 

Feito são todos, este é um dia melancólico

Dias em que eu me encaro diante de um espelho.

Era mas também não era eu: os olhos vermelhos.

Na face um familiar sorriso: o mais diabólico.

 

Diante de mim eu mesmo com uma navalha.

Não havia mentiras, dúvidas ou desespero.

O que havia eram os fatos, cada um dos meus erros:

Tudo o que estava por trás de minha alma falha.

 

Quem o visse diria que veio das profundezas

Tal presença dotada de tanta impiedade.

Diria mas diria sem saber que, na verdade,

Tamanha raiva é filha de minha tristeza.

 

"Ó ser que não tem nada além da própria sorte

"Nada há demais no dia de hoje, o teu aniversário.

"Mas uma coisa eu digo: seria extraordinário

"Poder comemorar a nossa própria morte..."

 

Feito o chão antes branco ía o crepúsculo rubro

Lá estávamos eu e eu mesmo, a sós no banheiro.

Era o primeiro dia e era o dia derradeiro:

O vigésimo nono dia do mês de outubro.

 

-Adolfo J. de Lima

25 de outubro de 2010 - 06h 42min

Adolfo J. de Lima
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