A única certeza é que não existem heróis,
pois de todos os notáveis,
só me sobraram vilões
e dos vilões eu fiz meus espelhos,
do meu jeito,
ao meu encaixe.
De todas as casas,
me sobraram as paredes,
cheias de tristeza,
destruídas pelo nada,
vazias pelo vento
e soberbas por austeridade.
Das ruas aos caminhos pequenos,
vaga o pó em sua marcha abominável,
passa o frio determinado,
voa o medo atrofiado,
rasteja a solidão no fardo de um coitado,
uiva a dor risonha ao encarnado.
As nuvens vagam negras e pesadas.
O ar é péssimo aos fracos,
os animais morrem a cada segundo,
o mundo vira o que vira,
e se torna o que descrevo.
Sem repressões dentro de seus próprios grilhões,
os fétidos animais,
os rotulados racionais,
morrem babando sangue,
agonizando rezas ditas ao léu,
ao desdenho da ira do céu.
E a hora que ignora o tremor de aurora,
destrói tudo que se faz carne,
ou que se faz massa,
pois agora, o que se vê,
é apenas,
a solidão desmedida de alguém sem raça.
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