MARCA

 
 

 

 
Ela trouxe
meu nome
tatuado
em sua pele.
Chamou-me
de seu homem,
e, confesso,
gostei.

 

 
Onde há o céu que nos cobre?
E qual é esse sentimento nobre
que diz coisas indizíveis?

 

 
Ela trouxe meu sêmen escorrendo pelas coxas,
arranhões e marcas roxas,
de batalhas onde nossas bocas nos foram meretrizes,
de toda a putaria possível.
Eu, por mim, poderia -até- achar passível
que logo ela me esquecesse...
Minha pele, e a pele dela
Nos pediam que fodessem,
e que nem fôssemos nos banhar depois.

 

 
Nunca foi vida “ feijão com arroz”,
e nem , muito menos, algo tão cotidiano.
Foi algo já passado os anos,
e que, para esquecer, não nos basta nem morrer.
É marca de tinta negra,
como os cabelos dela,
como os pelos dela,
como o que não se revela
nem sob tortura.
Bacante pudica,
puta
e
pura.

Ogro da Fiona
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