Entre o céu e o inferno

Quem por ti vela a sorte

cuida do destino da donzela

que por guerra é morte

esquece que é tão bela.

 

 

Balas que teu ser corta

sangue de teus irmão escorrem,

lágrimas de uma face morta

sepultando os que não morrem.

 

 

Bombas vão e vêm

esplosões do interior ser,

anjos que dizem amém

a dores do verbo morrer.

 

 

Mil venturas de seus anos

ilusões e fantasias,

são nos corpos sujos, panos

cobrindo as fisionomias.

 

 

Faz amor como rotina

e mais tarde vai a batalha,

abraça em fim a carabina

e se degola em sua navalha.

 

 

E na guerra que com fogo arde

os sinos geralmente tocam

músicas em alarde,

de corpos que se chocam.

 

 

Em segundos de longos sonhos

da lembranças dos homens que vêm,

são pesadelos fadonhos

de quem ainda os têm.

 

 

Em mãe fraternas desfazem-se

o formato do ser humano,

em segundos ordenam que amem-se

o que não amaram humano.

 

 

Fim de esplosões e mortes

cicatrizes vão se compor,

os mais profundos cortes

machucados com o próprio AMOR......

Jhuddy Lispector
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