O TEMPO NÃO PARA

Cochila nas águas, um segredo
Que a solidão precisa revelar
Porém, numa fração de segundos,
é calado pelo medo
Mundos diferentes
O tempo está com pressa
O tempo não para
 
Deixamos a vida passar
E meu coração está sufocado,
é insuportável, a espera
contemplo com ansiedade, o céu,
me afogo com seu reflexo no mar
Saudosa daquele olhar que me deseja
 Ecos respondem: amar, amar, amar
Queria dispor da força dos elefantes
Para quebrar essas portas,
e andar firme , cheia de certezas
mas só acontecem desencontros
chuvas de incertezas
O tempo desfaz de mim, a gargalhar
O tempo não para
 
Quero o anil, a essência, o cheiro de anis
Te saborear com meus olhos
Tecer tua geografia, em paz
Velada beleza
Busco o cristal que jaz
Tardes vazias
Ruas desertas, salas mortas
Aragem  fria
Sensação tardia
Cercada de árvores tortas
Caos ancestral
Preciso, demais, do tempo
E o tempo não para
 
Lembranças gritam, desesperadas
Chamando teu nome
Centenas de vezes
Minha alma, em clausura
Quer novamente voar
Correr contra o tempo
Atrofia-lo sem dó
Ao  longe, brilham tuas pupilas
Estrelas na escuridão
Meus devaneios, atados ,aos nós
Nossos pensamentos, se encontram
Ao cair da noite
Então me embriago em ti,        
e todos os prazeres me servem à mente
ceia de farturas
O dia nasce, acanhado
Escadas ao contrário
Espelhos quebrados
Encontros desencontrados
E o tempo não para
 
As chances se perdem
Nos cemitérios da paixão
Pesos, dormência
Desânimo ancorando
Porque o tempo não para
E ainda quero a luz dos teus olhos       
Para reviver e das cinzas renascer
Contudo, os relógios conspiram
Em desfavor
Fico quieta, a sofrer, a sonhar
E o tempo não para
 
Imagem disponível Google
 
“Longe dos túmulos famosos
Para um cemitério isolado,
Meu coração, tambor velado
Vai batendo tons dolorosos”
             Charles Baudelaire
 
“Vens do céu profundo
ou sais do precipício...
...esse teu olhar
Divino e daninho”
             Charles Baudelaire
 
 
 
 

Bruma Lilás - Taís
© Todos os direitos reservados