Só se reconhece o que é bom
Quando se sente o ruim
 
Só se delícia com o doce
Quando se conhece o amargo
 
Só se conhece o fulgor do sol
Quando já se conheceu os soturnos
 
Só se dá valor a saúde
Quando se conhece a moléstia
 
Só se farta com o pouco
Quem já teve o nada
 
Só se reconhece a paz
Quem já provou da tormenta
 
Só se dá valor a liberdade
Quem já a teve roubada
 
Só se dá valor no que se tem
Por aquilo que já se perdeu
 
Só se dá valor a vida
Quem já passou por perdê-la
 
Existe ódio apenas no coração
De quem um dia houve amor
 
Há pranto apenas onde
Já se houve sorrisos
 
Só se há desalento
Onde ouve muita paixão
 
Só há sabedoria
Onde já passou muita tolice
 
Só se adquire experiência
Nas provas que a vida nos impõe
 
Só se chega à perfeição
O que não se é humano
 
Só existe malícia, astúcia
Onde um dia houve inocência
 
Só se tem coragem
Quem um dia venceu seus temores
 
Só há respeito a quem
O faz por merecer
 
Só há beleza se é refletida
Nos olhos de quem a vê
 
Só há despedida
Se houve chegada
 
Só se reconhece o bom
Quando se prova do perverso.

Allinie de Castro
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