Estou sentado defronte a vida, ela passa e me trespassa com a lentidão e a suavidade de um filme, que se desenha nos rostos conhecidos que sorriem ou que marcha, inelutável soldado, gratuito pássaro, que passa, histórias suaves que se descortinam sem gravidade, sem seriedade, sentado jamais quis que mesmo eu me desenrolasse. Sou átomos. Estou sentado e tão dividido e tão unido que gargalho - Soltem os pássaros! Estou sentado. Nada que fizesse e estou tão cansado. O que é que faço? Participo de tantas histórias eu que estou ali, sentado, ali dentro, preso a asas de eternidade, sorvendo goles de sensações, prazeres e dores misturados, embolado, o peito que desponta na pontada que trago, foram-se os olhos esverdeados, ó por que me deixaram?!
 

 

MARCELO GOMES JORGE FERES
© Todos os direitos reservados