As vozes do vento...

Lembram o tempo de sermos felizes.
Em silêncio, a brisa
que corre e desliza invisível,
nos traduz em palavra indizível,
alegria contida e muda.

As vozes do vento...

Discursam ausência do som
e toda a falta de ruído
que o ouvido reclama.
Declama ao conjunto vazio
o cio de sua carência.

As vozes do vento...

Gritam medos abstratos,
nos retratos da inércia.
Pintam quadros e artefatos,
no coração da controvérsia,
em tintas, telas, solidão.

As vozes do vento...

Uivam pelas frestas do pensamento,
pelo momento exato do abraço,
regaço certo contra compaixões ocas.
Loucas seriam as noites,
Se noites não sussurrassem...

As vozes do vento...

São Paulo