Covardia
É inabalável o olho do morto.
São unidos as lagrimas de fogo.
O lago se forma, o gosto salobro é como o gosto da solidão.
Não tem tempo, só limite, o deslizar de sofrimento.
Quantos não querem correr?
Não podem, pois, suas pernas são de madeira podre.
As aves noturnas voam, e o canavial pega fogo.
A claridade, a carne fede mundo há fora, e o céu ganha cor, uma cor negra, como a cor das chibatadas no tronco.
Não tem gritos, e o sangue escorre na chibata voraz.
Sobre o teto do meu pensamento viajo, lá no fim abre-se uma porta, que geme como o mundo nas mãos dos lobos humanos.
A faca tem dois cortes, um me feriu esta tarde, quando o sol se perdeu, em meios rabiscos, no horizonte azul.
É uma covardia me ver morto eu estou consciente de tudo.
Não lamento a minha partida, mas lamento os que me partiram, com idéias foscas e sem fundamento.
Homem que chora, querendo ver o outro lado, e ganhar o primeiro lugar, num trono que ainda não é seu, tenha paz, é tudo que precisa.
As andorinhas não fazem verão se não voarem para outros continentes.
Vou cavar o que ainda não sei, para deixar no papel o que preciso para viver neste mundo que muitos não o compreendem.

Eric Fall
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