31/07/09
23:36
"Hoje eu acordei e sua lembrança não estava mais lá. Morri.
Eu me esforcei para lembrar os traços de seu rosto e o tom de sua voz. Em vão. Esqueci-me de você."
Assim como a poeira que brinca e some ao vento você se foi.
Nem antes nem depois. Exatamente agora.
Simplesmente partiu e nem saudade ousou deixar.
Quisera eu sentir esta agora. Nem posso.
Perdi você. Não na ausência de uma imagem, mas na ilusão de uma escolha.
Não te perdi nos devaneios e sonhos. Foi nos medos e nos delírios que me deixei seduzir pela sua falta.
Deixei me enganar pela solidão. Deixei perder o encanto. Nada mais.
Talvez, perdi a razão de minha busca. Ou a emoção da minha jornada.
Talvez nada se perdeu. E eu me consolo em vão...
Essa razão louca - que agora onde mora já não sei - esta me guiando por novos horizontes e por caminhos mais sensatos.
Nesta manhã eu não acordei por mim. Resolvi não levantar.
Já era tarde do dia quando fui avisada de minha partida.
(Quem avisou?)
Alguns poucos lamentariam?
Outros talvez sentissem a falta que nunca lhes coube.
Os demais - curiosos e mortais - talvez estivessem ali somente para ter certeza.
Se, me perguntassem se você veio pouco saberia dizer...
Nem seu cheiro repousou em minhas mãos.
Quanto mais sua memorável presença seria notada.
Alguém diria: "... e sem dúvida foi um triste fim para um doce começo!"
Remexo-me aflita em meus lençóis. Será que sonho? Será que já não existo?
Entrego-me a meus absurdos surtos de moralidade...
"Ontem amei você por uma única vez...
Amei seus lábios e nosso beijo perfeito.
Amei nossa briga antes de saber que era a última.
Desejei nossos corpos colados por muito tempo.
Antes de saber que ali era fim...
Ah, como amei você...
Eu pude me amar também. Eu soube fazer."
Lembranças que de onde vêm não sei, mas que vagam pela minha mente e me atordoam a todo o instante.
Minhas fraquezas me empurram até você, mas a sabedoria sobreviveu através da madrugada.
Com toda a coragem que ainda me resta saio da inércia.
Um dia lindo e cheio de possibilidades me abre os braços.
Alguns andam depressa. Outros não se movem...
Eu apenas os observo. Como são iguais...
E hoje muitas das outras possibilidades poderiam ter me tocado.
Sua lembrança (?) ainda paira entre as paredes. Você poderia ter me aterrorizado e me enlouquecido. Não o fez.
Talvez hoje, um pouco mais libertada e livre eu entenda sua passagem por aqui. Não importa quem virá. Quem partir...
Eu permanecerei. Eu sou minha casa. Meu doce lar.
Eu me pego nos braços quando não há mais remédio para a dor.
Só eu... eu e eu.
Sou meu começo, meu meio e meu provável fim.
E a estes poucos que ainda se arriscam lá fora: abençôo.
Fecho de leve a cortina. Viajo num novo livro.
Ah, que saudades de mim!
Nota da autora: ainda tento me entender. Em vão!
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