I
Esses seus olhos portadores de encanto
Que eu reconheço mesmo em plena multidão
Explicam toda a existência do meu pranto
E destes versos dolentes são a razão
II
Olhos profundos, belos e enternecedores
Cuja presença em minha insônia é constante
Venham servir de alívio para as minhas dores
A fim de que eu seja feliz por um instante
III
Olhos matreiros envolvidos em mistério
Tu bem conheces os meus sonhos mais latentes
Mas preferes nunca me levar a sério
Deixando em mim uma lágrima intermitente
IV
Desde o dia em que esses olhos prazenteiros
Cruzaram, por acaso, o meu caminho
Meu coração ora é insolente, ora é fagueiro
Acostumou-se a viver em desalinho
V
O que estava ao meu alcance eu quis fazer
Para afastar de mim esses olhos fugazes
Nos quais por um momento eu cheguei a crer
Mas percebi que eles são por si falazes
VI
Embora sejam sinal de aleivosia
Esses seus olhos causam-me embevecimento
Por isso mesmo eu me perco em sua magia
E eles vão brincando com o meu sentimento
VII
Todas as vezes que esses olhos mutantes
Vão se achegando para bem junto dos meus
Viajo rumo a um cenário alucinante
E me esqueço sempre de dizer adeus
                                                                             
 
 

Lourdes Neves Cúrcio
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