Desço as estepes.
Quanto mais desço, mais subo
Num descer vagaroso, num subir inacreditável.
Vejo-me baixo, mas todos acham que é alto demais
Não me vejo subindo, somente caindo
Num cair interminável
Quisera eu, poder ter asas
Soltamente em direção ao vazio
Plenamente impregnado de sol, ar e luz
Coisas que não ocupam espaço, somente conduzem
Irremediavelmente ensolarado, arejado e iluminado
Um abismo
Precipito-me, e vôo
Cansa-me voar o tempo todo, então paro
Quero ouvir o eco do nada
Reverberar o limpo
Renascer, adiantar-me no tempo
Morrer para poder nascer
Viver somente não basta!
Há que matar-se sempre
Fênix ressuscita-me!
Viver ressuscitado é um viver endeusado
Ser único, isolado
Então a cada transformar encanta-me
Faço magias, cumpro rituais, enriqueço-me
Sou de uma transparência enegrecida
Recuso o espelho, tudo o que reflete é distorcido
Enegrecida transparente, sou um rumo não evidente!
Experimente-me. Siga-me sem nenhum dos sentidos
Estar vazio, porque sem nada é ser pleno
O brilho do sol, o ar e a luz.
Sente-se! Este sentimento é verdadeiro, isto é tudo
Inconcreto, então é nada!
Reconheço-me

Rosana Bonsi Theodoro Capotorto
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