Ausência

 
Quando na tua ausência,
na cama adormecida permaneço,
nestes vagos dias de abandono,
este instante passa ligeiro.
E meu viver é recanto de dor.
 
Recordando aqueles doces momentos,
esquecidos ao relento,
lembro teus olhos luzentes,
fitando-me e olhando-me carentes.
 
Lembro ainda, teu sorriso,
teu afago desinibido,
tuas mãos acariciando-me com carinho.
Teus lábios incendiando-me a boca,
num arroubo inflamado.
E tua voz rouca de uma sonoridade indefinida,
fazia-me fremir em descompasso.
 
À noite, irrompe a escuridão dentro de mim.
E de ti já tão ausente,
busco no brilho das estrelas cadentes,
reviver os antigos sentimentos.
 
E no silêncio adormecido do meu corpo,
rogo a Deus que leve consigo a saudade,
e que só de esperança eu viva.
 
De sonhar que um dia ainda hás de retornar.
E como uma serva em sua inocente vigília,
velarei teus mais íntimos desejos.
 
E aos teus pés curvar-me-ei em prantos
ao saber-te presente,
fitando-me em teu peito quente,
e embalando meus sonhos mais inocentes.