Este teu rosto de porcelana,
cultivado como a um cristal polido em seda,
na moldura me incendeia em lânguido e suave olhar fatal.
Em débil demonstração de amor,
fito este olhar de beleza triunfal,
e arranco meu coração e dou-te em holocausto.
Vem! Toma-o em tuas mãos!
Antes que pare de por ti pulsar.
Mas já é tarde... Muito tarde,
e estes teus olhos, que ‘inda me lembro – faz tempo –
Vestia-me a alma de ternura.
E nestas horas em que me encontro com o pensamento em ti repousar,
funda é a tua ausência, mais fundo ainda, meu desespero.
Mas guardo-te com tanto zelo, que de mim esqueço o viver.
Quando ausente em minha peregrinação noturna,
e a lua vem banhar-me com sua luz fecunda,
causa-me uma amarga saudade tua,
e já não sinto o gozo de sentir o véu da noite,
acariciando meu rosto,
nem fixar o olhar no horizonte,
e ouvir o marulhar das ondas adormecidas no oceano.
Vivo mergulhada em sombras,
eternas sombras de um passado que foi teu.
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