Em matizado degradê qual manto fosse
Os oceanos, no azul em ti achado,
Em cantilena, rumorejam ária doce,
E na platéia o infinito estrelado.
Meu Solitário coração te faz lareira
Da nostalgia alimentada ao anoitecer
E de alegria se tinge a pasmaceira
Já não assusta o cinzento escurecer.
Em tons azuis se enfeita a aba da noite
No silencio do infinito rendilhado...
Se névoas te embaçam, triste açoite
Pro olhar com que te busco apaixonado!
De imensurável beleza o anil temperas,
No entardecer ao revoar das pombas
E no canto do galo, ao declinar esperas
O astro rei que te vem beber as sombras
Rainha Inacessível ao Senhor do dia,
Em banhos íntimos de recamadas cores
Se me entregas, despida, o corpo em orgia,
Ao murmúrio plácido de trovas de amores!
Arrebata-me, pois, Soberana dos espaços.
Ancora-me em teu seio o coração triste
E à minh’alma acalenta em seus braços
Libertando-a do laço que desfazer resiste
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