Procura o olhar da Luz o brilho
Na cinza agonizada que esfria,
Oculta, irrefletida, sem vida, sem sentido;
Pirilampo revoado ao clarão do dia;
Candelabro à escuridão rendido.

Da mesma luz branca o coração procura
O fluente brilho, dantes denso e quente,
Para emprestar às sombras regenerada alvura
E aquecer a face fria do presente

Na cela, as paredes mudas e frias
Aprisionar decidem a solidão da hora
E as moribundas certezas em pele e pano
Revelam-se falsas pérolas, sem demora,
Na prontidão do presente soberano.

Alertados todos, auscultam os sentidos;
À soleira o inimigo espia.
É noite, noite tardia e a flacidez ausente.
O silencioso coração que por si não pulsa
Silencioso, provado, mas presente,
Dos ritos pontuais sobe à gávea e vigia
Por sobre as ondas dos desertos temporais
E franqueia no mar aberto da vastidão tardia
A alma criança que ora... E vigia... E ora mais.

Manito O Nato
© Todos os direitos reservados