DESTINO

QUANDO OLHEI EM TEUS OLHOS PERCEBI A MINHA INSIGNIFICÂNÇIA,

PERCEBI O CASTIGO QUE RECEBERA DE DEUS, PERCEBI VOÇÊ.

TÚ QUE ME FOSTES PROMETIDO PELOS SÉCULOS E REENCARNAÇÕES

À TI O MEU CORPO, MINHA ALMA, MINHA ESSÊNÇIA FORAM DADAS

NUM INSTANTE DE PURA MAGÍA E CUMPLICIDADE AMBÍGUA

EU, QUE VAGO PELAS CENTENAS DE ANOS À TE PROCURAR,

TE ENCONTRO E NÃO TE TOCO, TE VEJO E ME APAIXONO

TE TENHO TÃO PRÓXIMO... E TÃO DISTANTE.

MINHA ALMA INCENDEIA-SE DE DESESPERO, DE SENTIMENTOS IMPOTENTES

COMO ME OLHAS E NÃO ME RECONHECES?

MATA-ME O TEU DESPRESO, O TEU VILIPÊNDIO

APENAS O RESPEITO, A CONSIDERAÇÃO SALVAM-SE DO AFOGAMENTO DA MORTE,

DA SEPARAÇÃO REPENTINA ENTRE NÓS...

SENTENCIAM-ME SEM CRIME APARENTE, SOFRO PELA IGNORÂNÇIA, E POR AMAR SEM SER AMADO.

PARASÍTA QUE ALIMENTA-SE DAS DESGRAÇAS ALHEIAS, DE RESTOS MORTAIS

CUJO O TEMPO ENCARREGA-SE DE LANÇAR SOBRE TERRA.

RESIGNADO ME CALO E ENTREGO O CORPO À MAIS UM FLAGELO

ENTREGO A SORTE AO VENTO E A MEMÓRIA AO CRUDELÍSSIMO DESTINO

IMPIEDOSO, SARCÁSTICO, ETERNO...