“A província”
 
O lugar de onde venho não remete ao paraíso, venho de um passado abjeto cor de anil, lugar nada valente, esperança que ruiu.
 
O passado exigente foi embora e se partiu; um olhar ávido e latente fez história se iludiu, junto de seu recado fútil, insistente.
 
O pouco conhecimento que possuo não foi capaz de atropelar meu desconforto, a ferida existente do segredo rancoroso, enfim tomou outro rumo, ausente.
 
O legado de ambição que não pedi em testamento, teve sua desforra desobediente, suplício sem demora, marcas dolorosas que povoam uma mente decente.
 
O vínculo da terra com minha gente se perdeu após mais um singelo luar, vergonha que macula a alma, imagens que fazem chorar.
 
O gorjear dos pássaros foi esquecido, urdido; um labirinto de maledicências, queimados tal qual um galho verde, estrago duradouro, pedidos de libertação, deprimentes.
 
O passeio fez aceder o que meus olhos teimavam em não enxergar, o riacho perdeu a vida, a floresta apenas fotos ou desenhos feitos a giz, uma lembrança ensaiada, infeliz.
 
O meu trabalho é oriundo do suor de meus passos, nunca ultrapasso a fronteira do descontrole, desejei por muito tempo saber seu nome; infelizmente não descobri, talvez culpa da fome...