por quê as palavras nem sempre expressam nossos sentimentos?
o sentido se esconde por trás do conceito
ocultando a verdade perdida entre as falhas da nossa vergonha
a mentira só mascara o medo do que se quer dizer
 
queria dizer amo, digo odeio
queria dizer espere, mas digo adeus
queria um abraço, mas digo esqueça
queria a vida, mas digo que morreu
 
a dor feriu fundo e deixou marcas que irei apagar
se apagarão as luzes do terror
foi uma peça macabra num teatro de vampiros
pregando morte-viva como um corpo sem alma
carregando renitente o que acabou
 
porque não há mais vida
porque não há mais nada
só um protesto mudo
trocando as palavras em busca do porquê


por quê trocou calor pelo meu desprezo?
por quê trocou carinho por toda essa dor?
por quê trocou minha vida por meu desespero?
por quê nunca me disse o que teu coração falou?

Essa é de uma de uma série poesias que descrevem uma fase de minha vida já fazendo meu curso de agronomia. Resolvi publicá-las agora, pois estou numa mudança de hábitos, de fase. É bom rever como começei e o quê me levou a escrever. Todas minha poesias estão com direitos autorais registrados, inclusive estas. Para quem gosta de ler o que escrevo perceberá, como sempre, implícito que não há nenhuma ficção no que escrevo. São reflexos do que passei e como reagi a isto. Interessante como podemos mudar, amadurecer, nos adaptar, renascer das cinzas.

Cruz das Almas, no curso de agronomia, 1998

André Ferreira
© Todos os direitos reservados