andar de bicicleta sozinho

 
quero te tornar presente no meu mundo
quero te fazer brilhar lá no fundo
quero te fazer rir
quero te dar meu amor vagabundo
quero fazer com você de tudo
quero apertar seu nariz
andar ao mesmo tempo,
marcando o seu passo
bater na sua porta
trazendo seu jornal
cheirar o mesmo cheiro
agir no mesmo ato
no café da manhã o mesmo cereal
quero ser aprendiz
viajar com você
saber o que tu sabes
enxergar o que vês
brigue um pouco comigo
me deixe de castigo
mas me diga o que fazer
me torne um homem melhor
deixe eu pentear seu cabelo
é tanta insegurança, acho que nem sei falar
tenho medo do escuro e de ficar sozinho
apesar dos anos, ainda sou um garotinho
me ensine a voar
e a andar de bicicleta sozinho

Essa é de uma de uma série poesias que descrevem uma fase de minha vida já fazendo meu curso de agronomia. Resolvi publicá-las agora, pois estou numa mudança de hábitos, de fase. É bom rever como começei e o quê me levou a escrever. Todas minha poesias estão com direitos autorais registrados, inclusive estas. Para quem gosta de ler o que escrevo perceberá, como sempre, implícito que não há nenhuma ficção no que escrevo. São reflexos do que passei e como reagi a isto. Interessante como podemos mudar, amadurecer, nos adaptar, renascer das cinzas.

Cruz das Almas, no curso de agronomia, 1998

André Ferreira
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