Até que se levante

Profunda ausência reconstituída
Já é hora de dormir
Olho pela janela, atravesso mundos
Vejo as nuvens e nelas detecto uma face
A face da morte.
Já sem sorte continuo a observar
Observo pássaros rasgando o horizonte
Pássaros negros como a noite
Seres alados, corvos.
Enxugo então as lágrimas caídas
Seriamente fingidas
Observo o desfalecer de olhos cansados
Está tudo errado
Mas ainda continuará assim por alguns instantes
A ferida que se fere com a alma é eterna
Continuará a cena quando se apaga a vela?
Ou reinarás na escuridão até que se levante?


04 – 09 - 97

Fábio Avanzi
© Todos os direitos reservados