Assim de manso...

 
Assim de manso, bem de mansinho,
irrompe a nascente,
brota, o olho d’água, devagarzinho.
 
Assim de manso, devagarzinho,
o amor me aporta,
invade a porta do coração.
 
Assim de manso o fio segue,
a libélula o toca leve,
em seu espelho, círculos sem fim.
 
Assim de manso, bem de mansinho,
inunda o caminho,
pavimentado pela solidão.
 
Assim de manso, rodeia as pedras,
picos miúdos,
de úmido chão, o verde rente rega.
 
Assim de manso, poli o assoalho,
remenda retalhos,
retira os tronos, remove troféus.
 
Assim de manso, em seu regaço,
se achegam víboras,
bebericam pássaros.
 
Assim de manso, conforta fadigas,
desdenha intrigas,
embala meu sono.
 
Assim de manso, obediente ao leito,
o caudaloso rio
deixou distante o fio
 
Assim de manso sigo o destino,
sem desatino,
imaginando a foz, extasiante cio.
 
Assim de manso, abandonando a ermida,
meu velho coração,
já não sente frio.
 
 
Manito O Nato

Manito O Nato
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