Thomas
Alexandre Sansone
Folha-tela de computador em branco aguarda algo.
O que será? Penso. Penso. Repenso.
Um clarão vibra em meu ouvido. Escuto-o.
Diz, sorrindo sem dentes, que não devo pensar, refletir apenas.
Tecla negra com sua negritude quase branca digita algo.
O que será? Analiso. Analiso. Analiso.
O mesmo clarão grita em minha boca. Espanto-o.
Diz, chorando sem lágrimas, que não posso analisar, escrever apenas.
As pontas de meus dedos somente sabem dizer: “Digite”.
Então, vai.
Diante da noite, o gato está eufórico.
Mia alegremente. Sente-se livre.
Corre. Pula. Mia. Pula. Corre. Pula. Dorme no sofá. Pula. Sorri. Pula.
Arranha a palhinha da cadeira. Derruba o vaso. Não tem importância. Era de vidro.
Sua imagem está aqui, acolá, ali. Em toda parte.
Sua presença somente meu coração, saudoso, pode sentir.
Mudou-se desta residência, desta rua, desta cidade, deste Estado.
Levou a alegria matutina de abraçá-lo e pegá-lo atrás da porta da cozinha.
Meus sentimentos se incomodam com sua ausência, meu querido Thomas.
Será eternamente o nosso bichinho de estimação, apensar da ausência dolorida.
Restam nossas lembranças e seu cheirinho do banho tomado impregnado em nossas almas.
Ao nos reencontrarmos daremos muitas risadas.
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