Encontro com o Destino

Em um mórbido silêncio curvo-me perante minhas tristezas,
em reverência à bela imagem que se forma no reflexo dos estilhaços de vidro no chão,
seu semblante de traços suaves tira-me as certezas,
recomponho-me à postura habitual defrontando-me com o inesperado que me deixa sem ação.

Somente eu e meu celeste e arcano visitante,
razão de estar surpreendido porém em uma inexplicável calmaria,
observava-o a todo instante,
em suas mãos trazia-me a incerteza do nascer de mais um dia.

Alto, impondo sem palavras sua soberania,
a mais bela imagem que já vi, não se pronunciou uma só vez até sua partida,
os olhos expoentes de seu coração puro; cristalino,
o único soberano ao qual tenho extremo respeito, Destino.

Dai-me o direito e o poder de guiá-lo e levando-me para seu sagrado altar,
não deixe que os templos que se alheiam a impura prata corrompam minha única determinação.
Após me pronunciar vossa soberania abriu as asas e vôou desaparecendo no horizonte nebuloso.
impedindo com que eu o seguisse, teria então que escrevê-lo novamente.

Assim desfaço-me permitindo ser quem sou,
quem agradece pela atenção é humilde servo do incerto porém confiável destino:
Seu Anjo de todas as Noites.

Guilherme Pedroso Oshiro
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