Ser pintor é ser poeta
Ser poeta é ser pintor
Um verso enquadra um quadro
Dois semelhantes
no seu traçado
na sua policromia
na sua beleza
no seu estilo
na sua visão do mundo
Se um pinta
o outro escreve
Se um usa a tela
o outro tem a sua folha
Se um tem o seu pincel
outro usa o lápis a esferográfica
num esplendor cheio de maravilhas
numa visão de um mundo
por vezes diferente
Um pinta o colorido da natureza
outro embeleza a nossa vida
com palavras que têm o mesmo tom
o mesmo som
A beleza é vista duma forma
policromática
bonita ou feia
triste ou alegre
com folhas verdes ou amarelas
com flores azuis rosadas
vermelhas
naturais encantadoras
O belo e o fantástico
por vezes se entrelaçam
num frenesim de cores
tons encarnados ou negros
como figuras saltitantes
num baile de máscaras
numa roda louca pequena ou grande
ultrapassando por vezes
o fantástico o abstracto
o surrealista
Figuras aparecem
como tendo vida
numa tela ou num poema
A pintura e a poesia
são algo de fantástico
que ultrapassa todos os tempos
desta nossa época
aviltante triste
miserável
pela incerteza dos homens
Mas também é com alegria
que se pinta ou se escreve poesia
concreta abstracta
surrealista
O que interessa
é escrever pintar
no sonho da vida.
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