Por entre os lírios
crisântemos e rosas
indaguei pela porta da saudade
disseram-me que não sabiam
onde era
Por entre o vento
as nuvens e o Sol
disseram-me que não sabiam
da existência de tal porta
As lágrimas correram-me pelo rosto
Desesperado sentei-me
no rochedo perto da praia
Então do mar soou
uma voz arrastada pelas ondas
uma voz infantil
Seria a voz da minha infância?
Seriam os cânticos do passado?
Estaria ali o portal da saudade?
Então as ondas se abriram
e convidaram-me a passar
Ouvia gritos de alegria
e a saudade da minha voz
entrou de mansinho
levantada por um pedestal
Dali avistei o passado
A tua alma estava presente
por tempos recuados
talvez esquecidos
A minha infância dançava
por entre gnomos e duendes
E ali passei para o futuro
coberto de recordações
de saudade em te ver
em espaços longínquos
no túnel do amor
Encontrei-te
e quiseste vir comigo
para novas recordações
passadas cobertas de amor
talvez renovado
no meu quarto solitário.
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