UM CORAÇÃO QUEBRADO...

As folhas de outono caíram sobre o chão,
as flores desabaram no jardim...
Fiquei triste por não ter você,
o amargo da vida sobreveio sobre mim...
então, tentei sorrir nas horas de agonia,
pensei em rir um pouco em momentos de dor...
agora só tenho recordações de uma paixão,
sobraram as lembranças do que foi um amor eterno...
ontem eu tinha você perto dos meus braços,
não muito tempo distante você dava-me as suas mãos...
seu olhar talvez indicasse que você partiria um dia,
os olhos diziam o que eu não queria ver...
extinguia-se pouco a pouco a chama de um ardor,
acabava-se o fogo esperançoso das alianças...
machucava-me a partida da mulher,
ela indo-se embora fez feridas não cicatrizadas...
flores não seriam suficientes,
nem presentes segurariam a sua viagem...
o orvalho da noite despencou-se sobre minha cabeça,
a chuva molhou-me por inteiro no frio...
fiquei sem rumo como um cãozinho pela rua,
como um faminto animalzinho perambulando pelas calçadas...
minhas poesias ficaram tristonhas,
e escrevia coisas infelizes pelos quatro cantos do quarto...
descobri-me sozinho pela solidão,
achei-me solitário na escuridão do universo...
havia montanhas de empecilhos para a ver,
existiam montes imensos impedindo de encontrá-la...
mesmo que fosse só um instante,
mesmo um só dia, conversar por algum tempo,
falar de sentimentos que poderiam ser reconsiderados...
eu a queria de volta, como quem tem sede e quer a água,
como quem tem muita fome, desejava seu retorno para mim...
não havia mais sul nem norte, nem leste ou oeste...
eu me perdia inebriado da paixão que me enlaçou,
ficava perturbado pelas emoções do que foi uma distração...
os lírios do campo murcharam nos planaltos,
as rosas perderam suas pétalas em suas terras...
a natureza chorava comigo o meu desespero,
as coisas inanimadas se magoaram em profundo pesar...
as cores se enfraqueceram,
o preto e o branco apareceram no meu horizonte...
minhas pálpebras derramaram lágrimas,
e gotas de uma cachoeira caíram sobre o rosto...
talvez amanhã eu volte a sorrir,
quem sabe eu tenha a alegria de viver novamente...