Minha alma despertou
Coberta por um ensolarado cântico.
O esquecido silêncio da vida
Encantou os primeiros gestos
Desse inconstante andarilho.
Retribui a gentileza
Liberando um tônico “Bom Dia”
À felicidade que adormecia
Em meus distantes olhos.
No final desses valorosos segundos,
O mundo bateu
Na minha porta.
O “Bom Dia” perdeu sua voz,
Teve a pele queimada
Pelos inúmeros rostos fechados
Dos demais moradores
De meu plano físico.
O puro ar de meu quintal
Não veio hoje.
Só pude degustar a presença
Da ovelha negra da família,
O rude odor de nosso consumo.
Até as pacíficas sílabas dos pássaros
Caíram em desuso
No escandaloso estresse
De meus vizinhos motorizados.
Diante de mais uma urbana rotina,
Não suporto a saudade
Que aqueles poucos segundos
Deixaram em minha agora
Apática expressão.
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