Hoje está muito frio
No coração é imutável a dor
Em meu corpo o constante calafrio
N’alma o sentir do amargor
Como é complicado amar
Esquecer, viver
E como é fácil sonhar
Fechar os olhos e num sonho embarcar
Num instalo ir a qualquer lugar
Descobrindo os sentidos
Mesmo que omitidos
Nos mais belos contos fantasiar
E nas palavras doces nos enganar
Mas a realidade bate a porta
E vem avisar que está na hora
Desse sonho acordar
E para o mundo despertar
E os olhos não querem abrir
Para (quem sabe) não se descobrir
Que tudo era apenas um sonho
E o coração tristonho
Vem ao mundo anunciar
Que não suporta mais aspirar
Viver em função de alguém
Esquecendo o valor que tem
Minha vida são poesias
Das mais tristes nostalgias
Que não se acabam
São artefatos que faltavam
Me desfaço em versos no papel*
Tentando estar um pouquinho
Aqui no meu cantinho
Perto do imaginário céu
Com poesias pinto a minha face
Desenho uma poetisa
Que na simetria se realiza
Usando um tal disfarce
Quem sabe esta poetisa viverá
O mais belo conto
Quem sabe realizará
O mais belo sonho...
*Soprano (Fernando Anitelli)
em casa...
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