Por: William Vicente Borges

Completei quatro décadas.
Sou agradecido por este milagre.
Cada década me construiu,
nelas bebi água, vinho e vinagre.

Na primeira década, pueril.
Descobri-me poeta e sonhador.
Tudo tinha cor de anil,
E o tempo era a meu favor.

Na segunda década, juvenil.
Tornei-me poeta apaixonado.
Mas, que pena, mesmo a mil,
de ninguém fui namorado.

Na terceira década, varonil.
Vi-me um poeta espiritualizado.
Queria levar o Cristo a todo Brasil,
Tendo a fé do meu lado.

Na quarta década, senil.
Tornei-me poeta solitário.
Mas minha alma insistiu,
E não fiquei acoado.

Ao completar quatro décadas
E muito ter contemplado.
Longe de ser completo
Ainda caminho apressado.

Pois da vida ainda sou aprendiz,
Aquele poeta sonhador,
que olhando pra trás fica feliz,
por cada alegria, saudade e dor.

Com a alma esperançosa sigo a diante.
Em rumo a quinta década sem medo.
Pois as outras me trouxeram até aqui
No colo do Senhor, meu Rochedo.

Já ri demais para saber que sempre podemos rir.
Já sofri demais para saber que sempre podemos sofrer.
Já caí demais para saber que sempre podemos cair.
Já temi demais para saber para saber que sempre podemos temer.

Nestas quatro décadas bem vividas
Tudo foi um enorme e lindo festão.
Nela tomei sem nenhuma medida
todos os coquetéis da emoção.

E assim segue o poeta que um dia
foi um menino puro de coração.
E se o bom Deus deixar, que alegria,
que venham mais quatro décadas então!

Fim


Inicio do Verão - Vila velha – Para meu dia de aniversário - 30 de dezembro de 1966 // 30 de dezembro de 2006

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