O Rapaz das Rosas Vermelhas...

Posso te contar ?

De repente vai achar uma coisa tão boba,
mas que pra mim foi tão mágico.
Vi uma cena hoje que achei linda ,
Na hora pensei em fazer um poema , uma poesia sei lá !
Mas não sei se sou capaz de falar tudo sobre aquilo em versos.
Vou relatar.
Estava no carro, no lado de fora do estacionamento, esperando uma sobrinha...o movimento era grande no shoping.
Foi aí que vi quando saiu do um rapaz, não muito velho, uns vinte e poucos anos, mas aparentava mais idade porque seu rosto era surrado pelo sol, e seu corpo era magro, provavelmente pela vida dura de trabalho judiado.
Vestia uma roupa com sinais de que era um pedreiro ou coisa parecida, pois havia restos de cimento e cal, tanto nas vestes como nas botinas gastas. Me parecia bem humilde.
Mas, ele trazia nos braços um lindo buquê de rosas vermelhas,
andava apressado por entre os carros.
Carregava aquele buquê nos braços como se tivesse segurando um bebê recém nascido, tamanho era o cuidado.
O arranjo era em papel crepon na cor vermelha, a mesma das rosas...
Dava pra notar os botões apontados mais acima , das que já estavam desabrochadas.
Ele tinha pressa! Trazia um lindo e destacado sorriso na face,
seu sorriso era muito puro, eu vi que ele estava muito feliz,
que tinha acabado de comprar aquela "coisa linda",
e que estava com pressa de entregar a alguém.
Eu o acompanhei com meu curioso olhar,
ele atravessou a rua por entre os carros, quase foi atropelado, pois não tirava os olhos das rosas...estava encantado e feliz..
Ao correr, vi que o cartão que acompanhava o buquê caiu e voou
mas ele nem percebeu.
Foi então, que uma senhora gritou...
- Moço caiu o cartãozinho!
Ele deseperado, se enfiou no meio dos carros , se arriscando para buscar aquele papel, que ao me ver, naquele instante valia mais que ouro pra ele...um pequeno cartãozinho vermelho.
Ele parou o trânsito,se abaixou e segurou,
bateu na camisa como se limpasse a poeira,
colocou novamente no meio das rosas e saiu sorrindo,
e eu fiquei olhando até ele sumir na avenida....
e imaginando....
Ele estava tão feliz !
quem seria a pessoa
que iria receber aquelas rosas ?
talvez a esposa,
a namorada,
a mãe,
a filha.
Quem seria?
Fiquei imaginado se quem recebesse, teria a mesma alegria, o mesmo encanto que ele teve...
Eu não esqueço a alegria dele.
Aquilo foi mágico pra mim, vi muita magia naquela cena,
foram poucos minutos, sim , uns poucos instantes ...
Eu te digo, falo sério...
Que isso, meu Deus...Me emocionou aquilo, que fiquei pensando durante aquele tempo vivendo a alegria dele.
Talvez não entenda, é que não viu ! não viveu !
Senão iria se emocionar...
O sol estava forte ...Ele estava suado...correndo pra chegar logo e presentear alguém especial.
Deu-me a impressão ser a primeira vez que segurava um buquê, pois ele admirava muito, carregava com cuidado,
eu via nas mãos dele o zelo com o papel do embrulho
e com as pétalas.
Fazia carinho nas rosas, acariciava com doçura as folhinhas...
e quando o cartão caiu, ele se atirou no meio dos carros,
parou o trânsito, os carros todos buzinando....
Ele estava simplesmente encantado.
Pode não acreditar, mas isto foi um dos motivos que me fez ficar feliz hoje.
Aquela cena, aquele momento.....
Foi demais !

Este fato é real, viví mesmo isto.
E como disse, talvez ache uma bobeira, mas eu fiquei mesmo encantada com aquele momento.
Aquele desconhecido, a sua simplicidade...um anônimo que nem imagina o quanto me emocionou e que me fez viver sua magia, o seu momento, a sua alegria...

Outono ........................................27/06/2006