Se silencio e choro, chega o silêncio, me abraça, me beija, me consola.                           Miss Isamel


Tudo passa     
         (indiscutivelmente sempre, Luiz)

Meu olhar acompanha o rio, que sereno, passa.
Como a vida, que passageira é, passa.
Na margem direita, pequena barca adormecida, talvez nem lembre que sob ela navegam águas que tantas e tantas vezes o levavam em busca do seu desejado silêncio.
Nesse navegar solitário, encontrava a paz necessária para acalmar seu coração.
E voltava no entardecer, onde sempre estava à sua espera.
Depois do reencontro com o misterioso mar, trazia novos e revigorados sonhos.
Eu nada perguntava, você nada dizia.
Só, o aguardava.
Você sempre voltaria, acreditava.
Então adormecia no meu seio, e os sonhos seus, com os sonhos meus, somavam um.
Hoje nossos anseios não são os mesmos. 
Os seus, ressonam envelhecidos, esquecidos no tempo.
Não mais navegam juntos.
Numa tarde de um outono distante, zarpou solitário. 
Navegou para o desconhecido levando consigo sentimentos.
Levou os meus, deixou os seus.
Pudesse, velejaria por estes mares que nos separam.
Ancoraria no longínquo porto onde no agora habita.
Abraçaria o que fomos.
Insistiria para que içasse suas velas, retornasse e ancorasse novamente em nosso, preenchido da sua falta, lar.

Maria Isabel Sartorio Santos
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