POEMA ESCRITO NOS ANOS 80

O meu coração sangra.
O meu coração sangra.
Numa hora pelo amor perdido
Noutra hora pelo que nunca tive...
O meu coração sangra...

O meu coração sangra pelo irmão faminto
O meu coração sangra pelo homem avaro
O meu coração sangra pela criança prostituída
O meu coração é o bálsamo em hematomas.
O meu coração é a rocha que a água-sofrimemto
Martela até rachar...

O meu coração outrora foi o Monte Olimpo
Em que Deuses e semi-deuses gregos habitavam
Festins, bacanais celetiais, olhares piedosos e máculos.
Nele tudo se misturava
Hoje, pobre de mim, o meu coração
É a pedreira gasta e sem serventia
Retiraram as suas últimas rochas e venderam
Muito barato no leilão dos sentimentos.

O meu coração vislumbrou uma porta
O caminho era árduo e místico para o ateu
Que até então vivia em mim.
Esta porta era transparente, mas fechada a cadeado.
Do outro lado eu via um homem que irradiava paz e ternura
E se eu o tacasse, eu sentiria a alegria tocando e beijando o meu rosto.

Este homem era louro
Usava barba e possuía o olhar azul
Gritei alto para ele:
- Quem és ? Um asceta de Deus?
Por favor me abra a porta e me mostre o caminho.

Ele me disse:
- Filho, o teu desespero é próprio dos mortais em aflição.
Não cortes a vida bela que meu Pai te deu.
As balas são para alvos brutos...
E os seres humanos são flores no jardim da eternidade...
O meu nome é Cristo, vivo em ti.
E por ti e teus irmãos vigio dia e noite.
Não te aflijas pensando no etéreo amanhã.
Eu estarei guiando a sua mente...
Estarei dentro do teu coração ferido.
E se acaso quiseres fraquejar,
Olhe a minha vida entre os seus.
Tanto sofrimento e dor para aqui chegar.
E poder olhar mais alto por todos vocês. Filhos do meu Pai...

Vai... segue o seu caminho.
Pegue na mão do seu semelhante
E juntos façam novos dias...

E desde então,
Entre o nascer do sol
E o seu pôr,
Vejo os cabelos louros do Mestre...
E lhe peço o bálsamo para fechar a sangria do meu coração...


Leo Victor Akel
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