Diante de meus olhos estendem-se os céus que o Senhor estabeleceu,

A grande tela esticada na qual a mão do Mestre-Pintor

Executa as mais perfeitas aquarelas e os óleos mais refinados,

A cada manhã, a cada entardecer.

 

Todos estes quadros, ó Deus, trazem a tua assinatura,

E é também assim que os homens te reconhecem,

Pois os convidas, a cada dia, para um novo “vernissage”

Na galeria da terra inteira,

Onde penduras as tuas obras no próprio firmamento!

 

Tu utilizas pincéis de nuvens, de atmosfera e de vento,

E corantes de sóis para compor estas obras-primas

Que se renovam perpetuamente, a cada novo dia.

 

Os pobres não precisam frequentar as galerias de arte,

Basta-lhes abrir a janela e contemplar a pintura restaurada

Da natureza celestial, estendida na amplidão

E emoldurada pela terra verde e castanha.

 

De repente, os pássaros irrompem no teu quadro,

A ele acrescentando o seu voo

Com círculos precisamente desprovidos de sentido;

Ao teu chamado passam a fazer parte da tela celestial.

 

Contemplamos, ó Deus eterno, tua mutável criação,

A renovada beleza da obra de tuas mãos;

Com nossos corações pulsando em júbilo sob o céu;

Louvamos a ti que de tal plenitude nos fizeste participantes!

Diante de nossos olhos maravilhados, de uma vez e para sempre

Realizaste a tua obra máxima.

José Cassais
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