Pensei em escrever um poema que começaria dizendo:
Eu queria ser uma árvore.
Eu queria ser uma árvore. E estava sendo sincero.
Isso foi pela manhã.
Já não sei mais porque tive um tão incomum desejo.
Desconfio que eu pretendia anunciar, talvez, uma grande verdade,
Algo que os filósofos deixaram escapar em suas meditações seculares,
Algo que minha mente captou de maneira fugaz, mas intensa.
Não consigo lembrar o que me levou realmente àquele desejo.
Teria sido alguma coisa assim tão importante?
Pois a única certeza que tenho agora,
Quando a noite já desce sobre a cidade e eu estou aqui empoleirado
No sexto andar deste edifício-hotel impessoal,
É que não pretendo mais ser árvore.
Nem com todos os passarinhos do mundo!
José Cassais
© Todos os direitos reservados
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